"Coisas sem sentido, sem motivo, sem querer..."

Sinto muito,
Nada vai permanecer igual.
Me desfaço em lágrimas e mil pedaços, tal qual um quadro do Picasso.
Me transformo, tomo novas formas, me contorço, te vejo pelos cantos, teus sentidos me perseguem ainda, vejo olhos me espreitando, ouvidos atentos a me perscrutar. Não me perturbo, sigo.
Me projeto no futuro, me dedico a ninar num berço flutuante a menina que ainda mora em mim, mas por um fio, por um triz...
... ela pode não estar mais lá...
Uma quase imperceptível inquietação toma o ar, como quando se desfaz uma bolha de sabão... ...que é uma coisa que não vale nada,
mas não deixa de causar uma leve perturbação ao se romper.
Olho para o céu em busca de abrigo,
me deixo bater, me sacudo feito onda furta-cor...
Bebo a desmesura do mundo de canudinho, que é para colorir meu lado de dentro.
Um sorriso se forma pouco a pouco, mas não na boca ainda.
Os horizontes se multiplicam, em cores e possibilidades.
E depois de muito me arrastar pela terra e de escavoucar no que há de mais baixo em mim, em um nós sem mais razão de ser, e nesse sentimento sem sentido,
Eu vejo se descortinar diante dos meus olhos a possibilidade de ter outra vez plantado em mim um campo de margaridas, ou tulipas, quem sabe? Onde vêm passear beija-flores e libélulas, e borboletas de mala e cuia para morar mais uma vez no meu estômago...
E rezo baixinho para que se demorem dessa vez...