segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ela desaprendeu de dizer as coisas. Não sabia dizer ao certo em que momento isso aconteceu. Só sabia que hoje não conseguia mais. Ainda que ele perguntasse e sinceramente quisesse saber o que se passava lá do lado de dentro. À revelia do esforço enorme que fazia, no mais das vezes só saíam lágrimas em vez de palavras. O curioso é que, por dentro, ela sabia se explicar direitinho! Define-se como ninguém. Examina os sentimentos-pensamentos com cuidado e constância invejáveis; mas se cala. De alguma forma, intuitiva, talvez, ela sabe que isso o deixa de fora e na maior parte do tempo a deixa só... e pensa, na verdade, que desaprendeu foi de confiar nas pessoas. Não é que ela não confie nele, até confia, confia como pode, mas sabe que também nisso é limitada.. e acredita, de alguma maneira torta, que não tem ninguém por ela, e que se quiser alguma coisa vai ter que ir buscar ela mesma.. e é o maior conflito porque ela quer desesperadamente precisar dele, embora, na prática não precise, sabe? .. e ainda que ela não precise, espera por ele. E sonha com coisas simples como ter a própria casa, a própria vida, filhos talvez.. e fica esperando por ele pra ter tudo isso. E é uma merda porque ela gosta de se garantir, e não de esperar, porque quando não vem, quando as expectativas criadas não são satisfeitas é como o mundo se destruindo pelo lado de dentro e ela acha que já passou tanto por isso que cansou, prefere se defender, sabe?

2 comentários:

  1. Nossa, Re! Adorei!!! Continue postando... :** amo!!

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  2. Se desaprendeu, o que foi isso? É justamente do que tá lá fundo que se trata tudo isso, o de viver e o de escrever. E do cansaço... é compreensivel, não justifica, mas plenamente compreensivel, e digno de respeito.

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